terça-feira, 21 de novembro de 2017

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Não era o mar,
declamando versos em um misterioso idioma de profundidades.
Era raso.

Não era ventania,
despenteando os cabelos soltos das meninas no meio da tarde.
Era um sopro.

Não era sol,
encobrindo a madrugada e alumiando as frestas das salas encortinadas.
Era fagulha de brasa.

Não era sonho,
dando fôlego às horas e sentido ao despertar.
Era delírio.

Não era fome,
salivando a boca da vida,
era capricho da gula.

Não era sobre o amor...
era chuva sem promessa de flor,
era miragem,
foi um engano,
era quimera,
era você.

Thai Pinheiro


Foto: Google imagens



segunda-feira, 16 de outubro de 2017




Dorme, menina, dorme...
pois, lá fora, as pipas não tocam o céu
e o gosto doce da manga polpuda
já não enche a boca da tarde de saliva e sol.

Dorme, menina, dorme...
há olhos para todos os lados,
que veem sorrisos de mármore moldurados por flashs,
mas não enxergarão todos os muros acinzentados,
tampouco o teu alegrar e lacrimejar na aurora.

Dorme, menina, dorme...
as horas do verão estão chegando apressadas,
mas esse seu coração noviço e desencantado
não se precipitará, pois sabe bem das bocas que beijam,
das palavras vans que elas sussurram,
dos toques sem arrepios, que não valerão o teu vintém.

Dorme, menina, dorme...
Os poetas são os únicos que falam a verdade, cheios de dor,
eles estão com os ombros pesados e as mãos trêmulas,
pois o fardo do mundo corrói, pelas beiradas, os seus versos de afeto.

Dorme, menina, dorme...
deixe para despertar em agosto,
talvez, o gosto das coisas tenham sal,
o cheiro não te confunda e
saciem os dias famintos de sentir.

Dorme, menina...
desapressa esse pulsar,
guarda esse riso bobo e esses abraços,
espere pelas atrevidas flores do inverno,
elas desaprenderam sobre as impossibilidades,
sabem o idioma do frio, certamente, irão te ensinar.

Thai Pinheiro

Foto: Thaiane Pinheiro

quarta-feira, 23 de agosto de 2017


Resultado de imagem para menina no balanço

Cresceu como uma árvore frondosa,
que sustenta o balanço e
sombreia os risos soltos
das crianças, nas horas incertas,
de janeiro a dezembro.


Thai Pinheiro



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quinta-feira, 17 de agosto de 2017


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Chegou abrindo clareira
em lugares de pouca  morada,
inóspitos e sem esperança.

Veio dar sentido aos cheiros delicados,
exalados de todos os jardins revestidos de jasmins.
Amanhecendo, taciturnamente,  os olhos embriagados,
que cheios de querência renderam-se ali.

Chegou em terras áridas,
como a chuva perfumada de verão,
que cai às três e vinte cinco da tarde,
brotando verdes, amarelos, cores,
em meio a gestos, gostos, toques.

Criou um nascedouro de arco-íris em meu céu,
sem respeitar a braseira do sol,
que alumbra as praias - em ondas, sal e mares.

Chegou dando razão aos versos sem dor,
reformando as ruínas,
metrificando, com belas rimas,  todos os poemas de amor.


Thai Pinheiro


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domingo, 18 de junho de 2017



Será que todos os poetas, ao escreverem os seus versos de amor, ouviram as palavras sábias vindas de tua boca?
Sentiram o teu abraço ou foram acalentados pela gentileza do teu olhar?
Será que em todas as flores do mundo há um pouco do teu cheiro e do colorido brotado do teu coração ?
Será que em todo gesto humano há um pouco/muito do mais humano dos seres como tu?
Divagando em perguntas, todas respondidas com a certeza do sonoro sim, vindo de mim, que, entre todos os privilégios, tenho o de viver ao teu lado. 
Eu agradeço de novo, de novo e de novo por você existir, pois, no inventário de todas as palavras de amor, eu escrevi o teu nome.
Feliz-idade, meu Ouro de Mina! Feliz-vida, minha Mainha!! ❤

Thai Pinheiro

sexta-feira, 14 de abril de 2017

















"A quem confiar minha tristeza?"
Ao rio profundo, que atravessa a cidade
com águas tão turvas quanto a cor dos meus  olhos?
À onda rasa que tocou a ilhota, na maré alta,
às quarto e vinte e cinco da tarde?

"A quem confiar minha tristeza?"
Ao bêbado desconhecido, que faz da rua larga
um desafio, a vendo tal qual uma corda bamba?
Ao pássaro dado a cantos que pousa, aos domingos,
na janela de vidro ao lado?

"A quem confiar minha tristeza?"
Ao papel mudo, branco e alinhado,
que não dá chances à caneta cheia de versos de amor?
Ao sorriso despretensioso daquele moço,
que roubou 10 segundos de instantes
do meu dia nublado e sem sabor?

"A quem confiar minha tristeza?"
Ao menino peralta, que rasga o meio da tarde
com seu descompromisso e desconversas com o tempo?
Ao vento, que nas horas de outono,
não respeita a velhice das folhas,
as relegando ao chão seco sem promessas?

"A quem confiar minha tristeza?"
Às paredes da antiga igreja,
que entre risos e choros,
guarda todos os segredos em silêncio?
Ao diário, sem chave,
que guardo no relicário desbotado,
sobre a mesa de madeira,
ao lado dos livros sambados pelo tempo ?

"A quem confiar minha tristeza?"
 A quem?
A quem confiar a mim?


(Um poema nascido pós leitura do conto "Angústia" de Anton Tchekhov.)

Thai Pinheiro

Foto: Google Imagens

terça-feira, 14 de março de 2017

Resultado de imagem para vinil

Tocou Rock,
Blues,
Reggae,
Soul.
Tocou Djavan,
Gil,
Zé,
Elis.
Tocou Dance,
Hip-hop,
Samba,
Axé.
Tocou Raul,
Gonzaguinha,
Renato,
Belchior.
Tocou Jazz,
Rap,
Forró,
Bossa.
Tocou as folhas,
a pele,
a seda da blusa,
o canto do sabiá no meio da tarde...
Tocou tudo,
Só não senti.

Thai Pinheiro

Imagem: Google Imagens

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


Cavei os sete palmos.
Com as mãos, 
sem piedade,
tirei cada punhado de terra,
não impliquei nenhum pesar.

Cavei os sete palmos.
E coloquei todos os teus rastros
guardados entre laços e nós,
sem deixar vestígios,
tornei-me coveiro de memórias.

Cavei os sete palmos.
Talhei, como artesã, calmamente, a tua cruz,
soterrando cheiros, miragens e
desejos minguados de saliva e sal.

Cavei os sete palmos.
Construí a tua lápide,
sem murmúrio, sem alarde,
joguei aos corvos todas as chaves,
as quais o teu túmulo pudesse violar.

Cavei os sete palmos.
Não resmunguei nenhum poema,
não vesti lágrimas ou dor,
apenas, como o derradeiro gesto,
espalhei amarílis 
para enfeitar, murchar e deslembrar tua morada.

Thai Pinheiro


Foto: Google Imagens



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017




O que seria 1 mês para um coração,
que só aprendeu sobre o idioma do mar
e vibra em meio as águas profundas?
Poderia ser 30 dias de puro mergulho ou,
aproximadamente, 703 horas
talhadas em desejos de versos e sol.

O que seria 1 mês para um coração 
deseducado, crescido em precipícios?
43800 minutos desenhando futuros e
alimentando a barriga dos sonhos.

- Mas, então, ela repetiu:
O que seria 1 mês para um coração sem ampulheta,
que pouco sabe sobre os devaneios do tempo?
Talvez, uns milhares de segundos banhados com língua e sal,
ou olhos piscando, a fio, cegos pelo encanto. 

- E eu, ali, perdido em inestimáveis cálculos, depreendi:
Uma quase finitude de números,
um tanto exatos em si,
mas que não fecham a conta de 'nós', 
e ela retrucou:
-Meu relógio de (im)pulso nasceu desregulado,
não há matemática que alcance, vive de infinitos.

Thai Pinheiro

Google Imagens