quarta-feira, 6 de agosto de 2014



Deixou de trazer risos e
de criar o sol das horas desavisadas.
Deixou de ser a espera mais desejada.
Abandonou os caminhos vagos,
sem desalinhar o mapa.

Deixou de ser a primavera,
sem fazer murchar as flores.

Deixou de tornar-se ausência e
esfriar o café doce da manhã,
não trouxe mais frio, nem calor para as manhãs de inverno.
Não é mais o verão dos dias de Janeiro à Dezembro.

Deixou de desagalhar o amor e
fazer sentido ao soneto de dor.
Abandonou o lugar das lembranças e
deixou de preencher a saudade.

Deixou...
Não pesou mais na balança dos afetos mal resolvidos.
Tornou-se aquilo que não se pode explicar,
que os versos de mil poemas não conseguirão fazer rimar.
Sem valor, dessabor e vontades: nada.


Thai Pinheiro

Imagem: Wereartit