quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Deixou de trazer risos e
de criar o sol das horas desavisadas.
Deixou de ser a espera mais desejada.
Abandonou os caminhos vagos,
sem desalinhar o mapa.
Deixou de ser a primavera,
sem fazer murchar as flores.
Deixou de tornar-se ausência e
esfriar o café doce da manhã,
não trouxe mais frio, nem calor para as manhãs de inverno.
Não é mais o verão dos dias de Janeiro à Dezembro.
Deixou de desagalhar o amor e
fazer sentido ao soneto de dor.
Abandonou o lugar das lembranças e
deixou de preencher a saudade.
Deixou...
Não pesou mais na balança dos afetos mal resolvidos.
Tornou-se aquilo que não se pode explicar,
que os versos de mil poemas não conseguirão fazer rimar.
Sem valor, dessabor e vontades: nada.
Thai Pinheiro
Imagem: Wereartit
sábado, 12 de julho de 2014
Homenagem
Em meu bloquinho amarelo registrei o dessabor das nossas memórias,
peguei as lembranças mais doídas, amarguei uma a uma,
como se escrevendo ali impusesse ao amor uma sentença de morte.
Passei a raiva a limpo para o papel.
Escrevi linha a linha com a caneta cor de sangue,
para não esquecer de TUdo e deslembrar de ti.
São as dores do presente com desejos de passado.
Sim, era de desgosto que eu falava, pois desgostar almejava.
Passei a raiva a limpo para o papel.
Assim, te escrevo em dessabores
e te assento na morada das saudades distantes.
Lerei todos os dias as palavras de tinta vermelha,
como se faz com uma reza a se aprender.
Conservarei por escrito todo o pesar,
porque é preciso "lembrar de te esquecer".
Passei a raiva a limpo para o papel.
E deixarei na estante todos os vasos sem flores,
decorando as memórias com dores,
pois a melhor parte ficou em mim,
tatuada com o nome de eterno.
Thai Pinheiro
Foto: Google imagens
domingo, 18 de maio de 2014
Chegaram os ventos de outono,
florindo jardins de Maio,
abrindo portas de Junho,
arrastando as folhas secas,
desdobrando em abraços
os risos de Setembro.
Chegaram os ventos de outono,
adoçando desalegrias de agora,
enchendo a xícara do café de amanhã.
Chegaram os ventos de outono,
sem saudades da primavera,
pois as flores daqui não carecem de estação,
a rega sou eu quem dito.
Thai Pinheiro
segunda-feira, 14 de abril de 2014
"tem palavra
que não é de dizer
nem por bem
nem por mal
que não é de dizer
nem por bem
nem por mal
tem palavra
que não se conta
nem prum animal
que não se conta
nem prum animal
tem palavra
louca pra ser dita
feia bonita
e não se fala
louca pra ser dita
feia bonita
e não se fala
tem palavra
pra quem não diz
pra quem não cala
pra quem tem palavra
pra quem não diz
pra quem não cala
pra quem tem palavra
tem palavra
que a gente tem
e na hora H
falta"
que a gente tem
e na hora H
falta"
Alice Ruiz
sexta-feira, 28 de março de 2014
Há tempos que os frutos doces,
os quais inundavam de sabor as manhãs de novembro
não dão colheita,
mas as raízes, assim como a árvore frondosa, de tão forte,
intensa e impregnada na terra, não perecem,
permanecem,
cobrindo de folhas, semi secas,
o jardim suspenso na varanda da memória,
dando sombra aos sonhos,
verdilhando a vida.
Thai Pinheiro
Foto: weheartit
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Ando improdutiva de sonhos.
Esqueci de regar as flores do jardim da sala e bati a porta.
Perdi as chaves do meu relicário de viço
e nem me animei a procurar.
Meu estado desalegre de ser,
tem adormecido o sol na aurora,
apagado gentilezas e amargado jardins de Janeiro.
Meu estado desalegre de ser,
tem fortalecido o vento que bate as janelas
e alimentado o pôr do sol indeciso, pois não é dia e nem noite,
sabe pouco sobre as agruras do querer.
Tem empobrecido versos,
emudecido melodias,
desafinado risos,
descolorido meu carnaval.
Thai Pinheiro
Imagem: Getty Imagens
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