domingo, 11 de setembro de 2016
sábado, 10 de setembro de 2016
E só dessa vez, ela disse:
- não regarei as expectativas.
Fez promessa,
daquelas que só se quebra,
quando o apreço, incontido,
esvair como água entre os dedos.
Só dessa vez,
prometeu não sonhar,
nem fantasiar futuros
e segurar o mar,
que corre desmedido
do lado avesso,
enquanto o seu riso,
escancarado
forja uma tarde de brisa e rede.
E só dessa vez, ela disse,
- vou colocar apenas as pontas dos pés na água,
tomar metade do sorvete de passas ao rum,
não me lambuzar com a manga doce,
nem dormir em meio a tarde chuvosa,
tampouco aguar a boca de saudade.
Só dessa vez...
Só dessa vez, ela disse,
- irei bebericar a superfície das coisas,
desviar os olhos arregalados de encanto,
amansar o coração na garganta,
quebrar a linha da pipa
antes que beije o céu.
Só dessa vez, ela disse,
- vou conter a mim,
pois há mares que invocam o mergulho,
mas há outros que afogam o marujo.
Só dessa vez,
só dessa vez,
sussurrou baixinho:
- vou ser apenas outono,
com fome e desejos
de primavera,
só dessa vez.
Thai Pinheiro
Imagem: Google imagens
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
E nos lugares mais improváveis,
lotado de gente nada palatável,
perambulado por almas não potáveis,
eis que surgiu uma flor,
daquelas que brotam em meio as rochas
e parece um agrado da sorte
poder meus olhos de lua nela pousar.
E eu, que nunca fui chegada à sorte,
no acaso nunca enxerguei um norte,
acredito que era a hora marcada
e a paragem a estar.
E nos lugares mais improváveis,
os afetos se precipitam,
subvertem o jardim vazio
e enchem a casa de cor.
E nos lugares mais improváveis,
o coração disposto se mostra,
dando a si todas as cordas,
pois é crédulo de esperanças,
nasceu para ser mar
e só compreende o idioma,
salpicado de gotejos,
do verbo amar.
Thai Pinheiro
Foto: Google imagens
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