segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013



E neste mundaréu de mal querência,
inundado por um mar de sorrisos rasos
e abraços afrouxados,
eu só te peço, meu Deus,
a sabedoria do cacto:
Re(x)sistir aos espinhos
e também florir entre pedras.


Thai Pinheiro



Foto: Taciane Pinheiro

domingo, 24 de novembro de 2013

Voinha



Este poema não foi feito para rimar,
pois o coração aperta,
o riso silencia,
mesmo diante de lembranças felizes e
emolduradas de flor.

Passo os dedos úmidos no teclado,
a voz embaça,
o choro engasga.
São dores e flores de inverno
abertas no fim da primavera.

São tantos janeiros desaquecidos
pela querência do teu abraço,
do teu cheiro vespertino de alfazema,
do teu riso de aurora,
dos teus olhos doces e castanhos.

Ela era o natal de Fevereiro.

A saudade de voinha não cabe
em rimas, em notas, em prosa,
transborda.

O que acaricia a alma
é a certeza que em mim
ficou vestígios de Maria,
ficou um rastro de amor.

Thai Pinheiro




domingo, 3 de novembro de 2013



Você rasgou o papel de arroz que cobria meu riso.
Queria, talvez, repartir contigo a sobremesa do almoço de domingo,
mas você preferiu ser ventania de areia, que destrói sentimentos-flor.

Antes, eu desejava a sua chuva regando terras de mim,
fazendo, quem sabe, nascer jasmins cor de verão.
Você poderia ter sido o sol de quimera das minhas primaveras,
mas, hoje, é a tarde fria e nublada de inverno, murchando jardins de setembro.

Durou tal qual um eclipse raro: meia manhã, meia maça, meio gole de café,
porém o suficiente para sorver as minhas doçuras mais sutis.

Você empobreceu minhas rimas,
 molhou o meu poema mais belo.

Thai Pinheiro


segunda-feira, 28 de outubro de 2013


 
Ouvi alguém dizer,
num momento qualquer,
que somos compostos por 70% de água.
Daí pensei, e os meus outros 30%?

Será que são os risos gargalhados,
que de tão profundos não consigo esquecer?
Ou serão as lembranças das borboletas
que pousaram no meu jardim nas últimas 30 primaveras?

Será que são os cheiros que exalavam da cozinha de minha avó na minha feliz infância?
Ou os outros cheiros deliciosos que brotam da minha mãe diariamente?

Seriam os olhares que cruzaram o meu caminho por invernos, outonos e novembros?
Ou serão os livros lidos?
Os poemas escritos?
As lágrimas não derramadas?

Seriam os beijos, com gosto de sol, que me amanheceram despretensiosamente?
Ou os abraços, de tantos braços, recebidos de janeiro a janeiro, que em muitos momentos foram afagos na alma?

Será que é a fé que as vezes parece imensurável e, em alguns momentos, quando duvido, sinto pesar em meu peito?

O que são os outros 30%?

São as dúvidas?
As respostas?
As quase certezas?

Será que posso medir cada devaneio?
Cada momento de coragem?

30%? Tão pouco para tudo.

Há sempre uma explicação exata para os realistas,
pois o concreto é fácil medir.
Mas como mensurar minha alma, meu rio, meu mar?

Prefiro refazer a conta e devanear tal qual Oswaldo Montenegro,
acreditando, duvidando, sonhando,
que metade de mim é amor e os outros 50% também.

Thai Pinheiro

Imagem: Weheartit

domingo, 29 de setembro de 2013

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Andei por terras de ti
tal qual um andarilho no inverno em busca de sol,
os dias ao seu lado
eram como sentir nas manhãs de outono
as flores ásperas brotadas na timidez da estação,
e cravejadas de espinhos.

Me perdi em meio a folhagem
que se espalhava pela tua calçada.
Abri, sem perceber, janelas
fechei portas,
podei plantas,
risos.

Beberiquei pedaços do teu mar
e fui sentindo o sal,
que brotava em meio aos beijos disfarçados,
amargando os versos do meu poema de verão.
você fez chover em mim,
e atrasou a minha primavera.

Thai Pinheiro


Foto: Getty Images



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

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Era sol,
riso,
pelos marrons,
bocadinho de céu.

Eram tardes desapressadas,
manhãs sorrisadas,
alegrias sem agenda,

Era um vira-lata,
revirando meu coração.

É verbo conjugado no passado
soprando saudades do presente.

Era mais que muita gente,
um cão.

Era nome e carinho de deus,
meu Tupã, amor dos bons.

Thai Pinheiro



Foto: Google Imagens

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

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A saudade me olhou de relance,
não foi possível evitar,
Fui,
como fumaça de fogueira, quase apagada, levada ao vento,

revisitei, tarde, as tardes de frio aquecido,
a mesa repleta de risos incontidos,
o café adoçado com músicas de Djavan.

Por que a madrugada corre?
Sonho?
ainda há tanto a devanear.

Foi,

O Desperta-dor desavisado desadormece o agora,
sim, são 6:00 horas.
Vou,
é preciso recomeçar.


Thai Pinheiro


Imagem: Weheartit

domingo, 7 de julho de 2013

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Hoje é tudo ou nada,
não me contento em colher o dia
quero bebê-lo, saboreá-lo,
sentir cada pulsar

Hoje é tudo ou nada,
Cansei das sobras,
dos cantos,
quero a sala de jantar

Se apodere do meu dia,
respire os meus sonhos,
é tudo agora.
nada a pensar.

Thai Pinheiro


Foto: Weheartit

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Confissão do desassossego





Regresso, pois senti saudade...
palavra, que tua falta  já não cabe.

Regresso, pois na saudade não te vejo mais ...
Fostes mais além...
silenciando meus ventos taciturnos,
batendo nas janelas dos fundos,
desassossegando minha paz.

Regresso, confesso, te peço...
pois fiquei sem rumo,
sem prumo, sem ar.

Thai Pinheiro

quarta-feira, 10 de abril de 2013

















Limpa a poeira dos sapatos,
Abre meio lado da janela,
Molha aquela flor desbotada,
Veste aquele sorriso,
Que o sol já nasceu.
Não, o dia não nos promete nada,
Mas ontem, eu reguei o velho jardim de esperança.

Thai Pinheiro


Foto: Weheartit

quinta-feira, 4 de abril de 2013



Desculpe, Tristeza,
hoje, o céu está azul,
o mar sereno
e minha agenda abarrotada,
Passe dia 30 de fevereiro, 
logo após o carnaval.

Talvez, eu abra a porta,
descanse a pressa, 
te sirva um café adoçado, 
com biscoitos sorrisados.

Talvez, eu te eternize em uns versos,
acaricie as tuas dores
e te tire pra dançar.

Thai Pinheiro


Foto: Weheartit

domingo, 24 de fevereiro de 2013




Eu nem peço muito...
não preciso de nome ou rótulos,
nem careço de bocas e gestos bem ensaiados,
tampouco de cenário bem arrumado.

Muita ou pouca bagagem? pouco importa,
Só é preciso vir com roupas limpas, 
um poema no bolso
alma lavada.

Não, não é necessário ser constante,
Mas que seja inteiro,
Não me acostumo e nem costuro bem os retalhos.

Dois minutos, dois dias, anos?
a intensidade não carece de relógios.
Deixe a chuva molhar.

Entretanto, 
obedeça a um preceito:
Seja tão-só 
e substancialmente verdade.

Thai Pinheiro

Foto: Weheartit

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


O café era amargo,
O biscoito doce,
O chalé quente e
a fome sendo saciada.

Foi um tempo que não contei

No qual os olhos eram malemolentes,
As palavras salpicadas
pelo suor da tarde,
Os dedos trêmulos
subindo pela pele,
descendo pelos  pelos.

Éramos dentes entre carnes,
Entre línguas,
entre líquidos.

Sentíamos dois,
Tornamo-nos um.

Thai Pinheiro

Foto: Weheartit

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013




Traga seu sorriso molhado,
o relógio sem ponteiros,
Um cesto de noites com estrela,
Seus passos desapressados
E aqueles olhos famintos.

Que eu abro a janela
Esvazio o lado esquerdo do armário,
Te mostro a poesia
e deixo a banda tocar.

Thai Pinheiro

Imagem: Weheartit

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

"E que seja permanente essa vontade de ir além de tudo que me espera..."

Caio Fernando Abreu



Tocava no rádio uma música
que mal se ouvia.
E no meu peito surdo
gritava a saudade,
que silenciava estrelas.

Tomei, a conta gotas, vidros de solidão,
que passou a serenar pela casa,
molhando minha sacada,
anoitecendo meus dias,
desbotando o meu céu.

Thai Pinheiro

domingo, 6 de janeiro de 2013



Pensei em ir soletrando palavras
até escrever um verso rimado 
pra te falar do cheiro das flores
que brotaram no meu riso pálido
depois que você passou pela minha calçada,

mas não há rima,
nem palavras,
que alcance.

É grande demais 
para caber num verso,
É-terno demais,
para viver num poema.


Thai Pinheiro