sábado, 12 de julho de 2014



Homenagem

Em meu bloquinho amarelo registrei o dessabor das nossas memórias,
peguei as lembranças mais doídas, amarguei uma a uma,
como se escrevendo ali impusesse ao amor uma sentença de morte.

Passei a raiva a limpo para o papel.
Escrevi linha a linha com a caneta cor de sangue,
para não esquecer de TUdo e deslembrar de ti.
São  as dores do presente com desejos de passado.
Sim, era de desgosto que eu falava, pois desgostar almejava.

Passei a raiva a limpo para o papel.
Assim, te escrevo em dessabores
e te assento na morada das saudades distantes.
Lerei todos os dias as palavras de tinta vermelha,
como se faz com uma reza a se aprender.
Conservarei por escrito todo o pesar,
 porque é preciso "lembrar de te esquecer".

Passei a raiva a limpo para o papel.
E deixarei na estante todos os vasos sem flores,
decorando as memórias com dores,
pois a melhor parte ficou em mim,
tatuada com o nome de eterno.

Thai Pinheiro

Foto: Google imagens