sábado, 28 de novembro de 2015


O Não Soneto

E a poesia que eu tecia com a mais bela linha de ternura
Foi descosturada pela frieza das tuas mãos.
O futuro abortado no presente sem cor
Encheu o peito alegre de desesperança e dor.

A ausência das rimas de novembro enfriou o esperado verão,
E afastou o Bem-te-vi, que faminto desejava o jardim,
E fazia da flor seu mais nobre querubim.

No fim desta estação, eu só quero cravar na pedra 
As letras da palavra “esquecimento”.
E talhar na madeira, como uma artesã, 
um riso escancarado de miudezas sem alento.
Dormir no chão da prosa com o não soneto,
Deslembrando dos versos malemolentes da primavera, 
que fincados no concreto, rígidos se perderam.


Thai Pinheiro


Foto: Thaiane Pinheiro

5 comentários:

  1. Lendo essa poesia, senti a mensagem dela na parte mais profunda da minha alma! Você amiga, a qual posso considerar amiga, é exatamente isso, tocante e profunda como está poesia! É pena que neste momento fala de dor. Contudo, seu jardim pode voltar a florescer com o mais belo espécie de cravo que possa existir! Afinal, só colhemos, coletamos, o que plantados!!! ;)

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Amiga, vi hoje o seu comentário por aqui, já tinha visto pelo e-mail. Pode isso, produção??rsrs... Ainda bem que passa, o tempo foi certeiro, como sempre. Meu coração é uma fênix, rsrs... pronto pra outro mergulho! Obrigada pelas palavras sempre carinhosas! Te amo! <3 <3

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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